Archive for December 2010

shot de português alucinado II   Leave a comment

Este produto pode ser usado para tipos pequenos de vaidade, o que é sempre uma vantagem. Não é preciso uma vaidade assim muito, muito grande… Mais ainda: tem onda puxando eletrônica e o som está agradando à orelha, duas mais-valias incontornáveis.

O único ponto fraco serão talvez as “direções de uso”, que deixam transparecer alguma insegurança por parte do fabricante: “se o sinal é ? por favor puxe o interruptor para o ?” Ainda assim, o mais sensato é seguir o aviso final e conservar esta preciosa informação, não vá o diabo tecê-las, e eu não conseguir usar o meu… transformador.

Estas instruções dissipam dúvidas. Um humano sabe que “battery,for” são duas palavras, para um programa de tradução é só uma (que, por sinal, não existe no dicionário).  Claro que programas de tradução a sério fazem um pré-processamento do texto de forma a eliminar este tipo de problemas básicos.

Para quem tenha ficado fã das traduções dos fabulásticos produtos Ante, há mais aqui e aqui.

Posted 2010/12/21 by pfungst in traduções

som pixelizado   Leave a comment

Ia eu na rua, uma miúda à minha frente ao telemóvel:

“-Tá? Tou! Não te tou a ouvir! Sim, tá? Tou-te a ouvir aos quadrados!”

Genial!

Posted 2010/12/21 by pfungst in Uncategorized

gralha lapidar   Leave a comment

Imagino o tipo que gravou a lápide quando descobriu a borrada que tinha feito! Mas, como se vê, há sempre um remédio para tudo.

Liceu Camões, 16.11.2008

Posted 2010/12/20 by pfungst in Uncategorized

intervalo   2 comments

Acho que a vaca mostra alguma curiosidade perante o estranho ser que tem pela frente, cheio de olhinhos espalhados pelo corpo. (Que drogas usaria este pintor de azulejos?, pergunto-me eu)

Palácio Centeno, actual Reitoria da Universidade Técnica, 30.11.2008

Posted 2010/12/20 by pfungst in Uncategorized

shot de português alucinado   1 comment

Foi a Paula H. que me contou: “O meu pai anda a alucinar com as traduções dos produtos nas lojas chinesas”. Não é para menos! Quando li que estas gravatas de xícara de sucção abaixo jogo eram ideais para consumo interno, fiquei ligeiramente preocupada. Por outro lado, as instruções também dizem que não prejudicará fim automáticos ou casaco de gel. Não sei que pense…

É um puzzle giro! A “xícara de sucção” há-de ser uma “suction cup”, mais conhecida por “ventosa”. A gravata há-de ser “tie”. Googla-se “suction cup tie” e aparece logo “suction cup tie down”. Olha: é um jogo de esticadores com ventosas, com 4 peças (4-pc suction cup tie down set)!

Isto cheira a tradução automática à légua. E não é só por não fazer sentido nenhum em português. É sobretudo porque a ordem dos três substantivos/adjectivos aparece completamente invertida, com “de” a ligá-los entre si, o que em muitos casos daria certo (por ex. white watch dog -> cão de guarda branco), mas aqui não deu…

E o que fazem outros tradutores automáticos com a frase “4-pc suction cup tie down set”?
Google translator: Taça de 4 pc conjunto de sucção para baixo
translation2.paralink.com: A xícara de sucção 4-pc ata o jogo
http://www.worldlingo.com: o laço de copo da sucção do PC 4 ajustou-se para baixo
babelfish.yahoo.com: 4 copos da sucção do PC amarram ajustado para baixo
translation.babylon.com: 4-pc sucção taça retêm fixado

Como se vê, a tradução automática ainda tem algum caminho a percorrer…

Fiquei muito desiludida com o Google, porque se escrevermos só “suction cup” (um substantivo composto, portanto tarefa difícil, daí as xícaras e copos de sucção) traduz como ventosa, mas com esta frase baralha-se todo.
Ainda assim a paralink é a tradução mais interessante: considera “tie down” o verbo, organiza o sujeito com as palavras à esquerda, usando a regra da inversão total da ordem dos substantivos/adjectivos, e considera “o jogo” complemento directo. Cool… só é pena não fazer sentido.

Posted 2010/12/19 by pfungst in Uncategorized

Atão era pastor   Leave a comment

Esta do “Atão era pastor” continua a baralhar-me até hoje. Fui ver ao Ciberdúvidas:
[Resposta] Claro que atão está por então, em pronúncia de certos analfabetos. Por outro lado, Atão é nome de homem, aliás pouco usado. http://www.ciberduvidas.pt/pergunta.php?id=20522

“Certos” analfabetos? Uhmm… mas de entre os analfabetos, que escória é essa?

Felizmente o Ciberdúvidas conta com seguidores que propõem explicações para as coisas em vez de se limitarem a insultar “certa” gente:
«[Pergunta] Qual a origem da expressão «Atão era pastor»?»Por simples curiosidade (se é que não o sabem!?), poderei referir uma expressão que toda a minha vida ouvi, relacionada com os versos do meu avô, «Antão e a sua história — João de Vasconcellos e Sá», em que os primeiros versos dizem qualquer coisa como: «Antão era pastor de ovelhas e tinha uma cão de gado sem orelhas…» http://www.ciberduvidas.pt/pergunta.php?id=27416

Para mim já ganhou! Esta pessoa tem dúvidas e propõe explicações. O ciberdúvidas tem certezas e não explica coisa nenhuma.

Posted 2010/12/17 by pfungst in Uncategorized

respostas tortas (educativas)   3 comments

Há também umas respostas tortas que supostamente têm a intenção de nos pôr a falar português como deve ser.

– Mas atão, mãe, amanhã não íamos à praia?
– Atão era pastor! Vamos onde eu disser.

*
– Não, mãe, no intervalo a gente foi jogar à besta!
– Agente é da polícia! E o que é isso da besta?
– É quando a gente entra no labirinto…
– Ecoando é do verbo ecoar!

*
– Oh, mãe, mas eu queria…
– Quem cria dá leite!

Infelizmente, eu não percebia raspas do que ela queria dizer com estas frases: o que é que o pastor tinha a ver com a história? E o polícia? Mistério… Tal como nunca percebi a subtileza do “Vê lá se queres que te chegue a roupa ao pêlo!” ou a excentricidade de comer sopa de urso. Mas aí, uma coisa era certa, aquilo não me ia correr bem…

Posted 2010/12/16 by pfungst in Uncategorized

respostas tortas   5 comments

Desconfio que dantes as mães tinham uma zona do cérebro que era activada com a procriação e que lhes dava uma capacidade incrível de ter uma resposta torta na ponta da língua para toda e qualquer coisa que os seus jovens rebentos dissessem.

– Mãããe, o que é o jantar?
– Línguas de perguntador! Vai pôr a mesa!

*
– O quê?
– O quê é uma letra que se lê! Já para a mesa imediatamente!

*
– Queres ervilhas?
– Pode ser…
– Pó de cera faz mal aos olhos! Dá cá o prato.

*
– Não quero…
– Pra quem não quer há cá muito!

*
– Não gosto…
– Quem não gosta come menos!

*
e o exasperante “– Porquêêê…?”, que tinha direito a uma resposta sem nexo nenhum:
– Porquê é filho de porca!

Posted 2010/12/16 by pfungst in Uncategorized